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A verdade é que eu a olho, parada e charmosa à minha frente, apenas esperando que eu lhe dê ordens, e não há mesmo como negar: estou apaixonado. Nem quero negar isso. Não sei por quanto tempo durará – mas o fato é que hoje estou apaixonado.

Ela é bela, recatada e do lar.

É bela, sim, tanto. Sei que a alguns ela poderá não agradar, mas isso a mim pouco importa: eles que tenham sua própria bela em casa, eu tenho a minha – cada qual com seus gostos e padrões. Observo-a, sem disfarçar o olhar e certo orgulho, e é certo que me agradam as suas curvas cheinhas, arredondadas: tem um beleza clássica e antiga, ela. O tipo de beleza que me agrada. Me agradam a sua cor, a palidez pudorosa, aquela espécie de ronronar satisfeito que ela emite quando a ponho a trabalhar. Mas não é por este ou aquele detalhe que me conquistou: é o todo, a simplicidade fascinante do conjunto. É isso: estou apaixonado por sua beleza simples e inteira.

E é recatada, também. Fica ali, parada, apenas à espera de que eu verdadeiramente a desperte, e só então se move, cadenciada, ritmada – e em seus movimentos todos, submissa, fará apenas o que eu mande, mais rápida, mais lenta, mais intensa. Quando eu decidir que ela deve parar, parará. Eu decido – o homem, o dono. Ela não faz nada disso: é recatada.

E é, sim, do lar. Mais que do lar, é do lugar onde a coloquei. É ali que permanece, esta minha beleza.

A lavanderia – bela e recatada, é lá que ela fica. Esta super máquina de lavar roupas que comprei ontem à tarde e por quem, ainda agora, estou apaixonado.

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