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Mariana amou Carlos durante quatro anos, e neste tempo inteiro acredita que também foi por ele amada. Amou-o com as forças boas de sua vontade e a verdade é que formavam um casal bonito de ver. Sorrisos sem medo, assuntos comuns, as mãos dadas, o abraço sem vergonha no meio da rua, frases inteiras ditas num olhar. Mariana, linda; Carlos, também de não se jogar fora. Os amigos tinham por eles certa admiração que beirava a inveja, tanta a harmonia entre os dois.

Mas então terminou o amor de Mariana por Carlos. Sabe-se lá se ele foi minguando aos poucos ou aconteceu tudo de repente – o certo é que, dia desses, não estavam mais juntos. O abraço desfeito.

Os amigos se desfizeram em lamentos, porque um casal assim tão lindo e perfeito não podia se separar. Pombos correios de um lado a outro, cupidos improvisados a tentarem reatar nós que não queriam ser refeitos – nada adiantou.

Mariana sofreu durante um tempo (Carlos também). Os amigos, entristecidos, sempre ao lado, solícitos e preocupados – estás bem, Mariana? precisas de algo, Mariana?

E Mariana morando em seu silêncio.

Até que um dia, ela conheceu Julia. Um arrepio estranho, novo, desconhecido. Mariana ficou sem saber o que fazer durante certo tempo – tempo este em que, ainda pouco entendendo, queria estar sempre com Julia. Uns meses de incerteza e muitos pensares. Até que soube.

Julia e ela estão juntas desde então. Ela a ama com as forças boas de sua vontade e estão ambas felizes. O mesmo amor que Mariana lançava a Carlos, agora dedica a Julia.

O mesmo.

Mariana, enfim, não mudou nada. É a mesma de antes.

Mas alguns amigos, estes sim mudaram. Agora a olham de um jeito diferente, meio de lado.

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